segunda-feira, junho 11, 2007

Mendes acusa Sócrates de "cumplicidade" com Felgueiras (I)




Notícia JN, de 11 de Maio de 2007 (clique aqui)




Marques Mendes acusou José Sócrates e o PS de "cumplicidade total" com Fátima Felgueiras, presidente da Câmara de Felgueiras, a principal arguida do processo do "saco azul", cujo julgamento está a decorrer.



O líder nacional do PSD considera grave não ter surgido, há dois anos, nenhum dirigente nacional do PS a demarcar-se publicamente da autarca e refere que é "mais agrave ainda" perdurar esse silêncio. Mais ainda, Marques Mendes questiona se há interesses e cumplicidades entre o PS nacional e Fátima Felgueiras. E diz "Alguma coisa, seguramente, existe".



As duras críticas foram feitas em Felgueiras, anteontem à noite, num jantar com centenas de militantes. Os jornalistas esperavam que Marques Mendes, que se tem pautado pela exigência de que os autarcas arguidos do PSD não exerçam cargos, aproveitasse Felgueiras para um discurso simbólico em resposta à anunciada proposta de lei do Governo para que os autarcas acusados venham a suspender funções. Mas sobre o projecto do Governo (que mereceu já duras críticas dos autarcas socialistas), nem uma palavra a acrescentar à disponibilidade já manifestada pelo seu grupo parlamentar para um eventual entendimento.



Mendes, no discurso, começou por dizer "Estive aqui há dois anos, nas últimas eleições autárquicas. Vim propositadamente a Felgueiras para denunciar aos felgueirenses e aos portugueses a situação política que então aqui se vivia, com uma foragida à Justiça, que chegara directamente do Brasil para ser candidata à Câmara. Só tenho pena que o secretário-geral do PS e algum dirigente nacional socialista não tivessem a mesma coragem, a mesma coerência de vir Felgueiras e dizer o que pensavam sobre a situação".



O líder do PSD prosseguiu, efusivamente aplaudido pelos militantes "Esta situação de Felgueiras não orgulha ninguém; envergonha a nossa democracia. Não é com exemplos assim que as pessoas ganham confiança na política, nos partidos e nas instituições. Do lado do PSD", disse Mendes, "está a coerência; foi assim há dois anos e continua a ser assim agora. Do lado dos socialistas, está a cumplicidade total.



O remate estava guardado para as linhas seguintes "Já foi grave há dois anos o PS não ter tido uma palavra a demarcar-se da situação, mas mais grave ainda é, dois anos depois, continuar a não haver um único dirigente nacional do PS que tenha coragem de dizer que não se revê na prática política da actual presidente da Câmara de Felgueiras. Não sei que cumplicidades existem. Não sei que interesses possam existir. Não sei por que é que há tantas dúvidas no PS em demarcar-se desta situação. Alguma coisa, seguramente, existe para não haver coragem, uma palavra simples, directa, de demarcação e de denúncia deste estado de coisas. Esta não é uma forma série, credível e autêntica de fazer política".



Marques Mendes criticou ainda o Governo de "atacar a classe média, factor de desenvolvimento em qualquer país", de "prejudicar os mais desfavorecidos, pois os reformados estão a perder poder de compra", bem como o encerramento de consulados e serviços consulares no estrangeiro, medida que, a seu ver, vai prejudicar muitos emigrantes.