terça-feira, junho 19, 2007

01 Julho 2007 (domingo), pelas 17 horas | Homenagem ao Padre Luís Rodrigues e Bodas de Ouro de S. Tarcísio, na Casa do Povo da Longra | Entrada livre.



Luís Rodrigues foi agraciado, em 1979,
a título póstumo, pelo PR Ramalho Eanes
com o Grau de Oficial da Ordem de
Santiago de Espada








A Casa do Povo da Longra vai levar a efeito, no próximo dia 1 de Julho (domingo), pelas 17 horas, na sua Sala de Espectáculos, uma homenagem ao Padre Luís Rodrigues (natural de Rande, grande musicólogo nacional e antigo Reitor da Igreja da Lapa, no Porto) e implícita e justa comemoração das Bodas de Ouro do Coro de S. Tarcísio (Porto), que foi fundado pelo Padre Luís Rodrigues.


O evento irá consistir nas participações musicais do Coro de S. Tarcísio, com cerca de 50 membros, dirigidos por Jairo Grossi, e do Coro Gregoriano do Porto, com cerca de 20 membros, sob a direcção do Dr. Freitas Soares; no Órgão estará José Miguel Oliveira. Ao mesmo tempo, em partes intercaladas com a parte musical, o Prof. Dr. José Amadeu Coelho Dias (Frei Geraldo) irá proferir, com recurso a meios documentais, a Conferência “O Padre Luís Rodrigues e o Coro de S. Tarcísio”. Será executado o “Te Deum Laudamus” dedicado pelo nosso homenageado ao antigo Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes.


No final, as Juntas de Freguesia de Rande, Pedreira e Sernande – que compõem a Vila da Longra – irão prestar singelo mas justo tributo ao Coro de S. Tarcísio pelos seus 50 anos de existência.

A iniciativa é organizada pela Casa do Povo da Longra, que conta o apoio da Rádio Renascença, da “Voz Portucalense” (órgão oficial da Diocese do Porto), dos jornais locais “Semanário de Felgueiras” e “Jornal da Lixa” (este de inspiração cristã), bem como do Conservatório de Música de Felgueiras.










Padre Luís de Sousa Rodrigues – Vida e Obra





Nascido em Rande, Felgueiras, a 6 de Julho de 1906, o P.e Luís de Sousa Rodrigues faleceu a 24 de Abril de 1979, no Porto, onde teve uma vida fecunda como sacerdote, compositor e pedagogo. Conhecido por “Padre Luís da Lapa”, por ter sido Reitor desta igreja do Porto, foi um homem de vasta cultura; atraía muitos fiéis às suas missas pela clareza e pertinência das homilias e pelo impulso musical dado às celebrações, que contaram com a colaboração dos italianos D. Angelo Fasciolo, organista e compositor, e Inno Savinni, director da Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto. Sociável e pontual, apaixonado pela música e pela natureza, criou mesmo uma tintura de camomila usada e vendida ainda hoje numa farmácia da Rua Serpa Pinto, Porto, que pertenceu à família Reis, sua amiga.


Tendo feitos os primeiros estudos no antigo Colégio da Longra, em Rande, Felgueiras, prosseguindo-os no Porto, Luís Rodrigues foi ordenado padre pela Diocese em 1930. No início do século XX, embora houvesse um Comissão Diocesana de Música Sacra e alguns padres compusessem uns cânticos para as edições de Eduardo da Fonseca, a música litúrgica no Porto não parece ter sido brilhante. A partir dos anos 40 e durante cerca de quatro décadas, o P.e Luís Rodrigues desenvolveu uma actividade que lhe valeria, a título póstumo, o Grau de Oficial da Ordem de Santiago de Espada, condecoração que lhe foi atribuída, a título póstumo, em 1979, pelo então Presidente da República, Ramalho Eanes.


Tendo frequentado Harmonia, Contraponto e Fuga com o ilustre compositor Cláudio Carneyro, no Conservatório de Música do Porto, aprofundou esses estudos com Charles Koechlin, pedagogo e compositor francês. Visitou as abadias de Saint Wandrille e Solesmes e actualizou-se com mestres do canto gregoriano. Foi colaborador da "Révue du Chant Grégorien", dirigida por Lucien David, e das revistas "Cäcilian Vereins Organ" (de Colónia, Alemanha) e Lumen (Lisboa). No Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição, Porto, foi professor de canto gregoriano, tendo aí publicado em 1946 o Tratado de Canto gregoriano e Polifonia Sagrada. Às portas do Concílio Vaticano II, fundou em 1957, o Coro Misto de São Tarcísio, que continua dinâmico na animação litúrgica e na divulgação da música sacra sob a direcção de Jairo Grossi, ligado à Igreja da Trindade desde 1997. Este Coro celebra, este ano, as suas Bodas de Ouro.


Especialmente prolífico nas décadas 1930/1950, Luís Rodrigues tem um extenso catálogo de obras publicadas nas edições Lopes da Silva (Porto), Van Rossum (Utrecht, Holanda) e Carrara (Bérgamo, Itália). Publicou Música Sacra. História e Legislação, a única obra do género publicada em Portugal, e biografias de grandes compositores (Débussy, Mussorgsky). Compôs cânticos litúrgicos e religiosos, para crianças e adultos, peças para coro, órgão e orquestra. Curiosamente, o filme "A Cidade e o Pintor"(1956), de Manoel de Oliveira, tem banda sonora da sua autoria. A sua relação com a cultura reflecte-se nas suas ligações pessoais, desde o organista da Catedral de Compostela à violoncelista Guilhermina Suggia, sem esquecer as pessoas que encontrava dia-a-dia.


Luís Rodrigues, que chegou a dedicar um “Te Deum” a D. António Ferreira Gomes, é um dos eclesiásticos que merecem figurar na galeria de notáveis do século XX em Portugal, um dos padres presentes na Enciclopédia da Música em Portugal no século XX, publicada pelo Círculo de Leitores com a colaboração de numerosos especialistas.



Texto adaptado de um artigo de António José Ferreira publicado na “Voz Portucalense” e na “Agência Ecclesia”, em 10 de Março de 2004, no 25 anos da morte do nosso homenageado