Segundo o “Público” de ontem, Caldas Afonso, vereador do PSD, moveu um processo-crime, por difamação, contra Eduardo Teixeira, vice-presidente da Concelhia laranja e n.º 2 da bancada social-democrata na AM, por afirmações, que, a serem aquelas em que estamos a pensar, no nosso sincero entender, não serão difamatórias mas decorrentes do público combate político, podendo-se dizer que sugiram mais como ressonância da profunda divisão que, há muito, se instalou na estrutura local do partido.
No nosso entender, Caldas Afonso fez mal mover tal processo, que poderá não passar da fase de inquérito, pois fá-lo contra um militante histórico do PSD/Felgueiras, pessoa que Caldas convidou para integrar a sua lista à Câmara nas autárquicas de 2005.
Em primeiro lugar, tal gesto pode valorizar ainda mais a figura política que Eduardo Teixeira, neste momento, representa dentro do partido (uma das poucas pessoas que neste concelho ainda faz alguma oposição à maioria “Sempre Presente”); em segundo lugar, tal atitude pode estar a certificar o que toda a gente do PSD diz à boca cheia – que a vereação social-democrata está mais próxima da maioria do movimento de Fátima Felgueiras do que propriamente da Comissão Política local do partido.
Não tenhamos dúvidas! O PSD/Felgueiras continua a cometer os mesmos erros de sempre; no nosso concelho, será sempre o “eterno segundo”, não por falta de oportunidade, mas por falta de vontade. Neste caminho, o PSD jamais será poder em Felgueiras.
O PSD local, em toda a sua história, nunca lhe interessou fazer oposição ao poder instalado. É “aproveitado” em tempo de eleições e, depois, serve de “moeda de troca”…
E o resultado está à vista!
Nestes quase dois anos de governação “Sempre Presente”, e até pelo facto de Felgueiras se ter tornado num fenómeno político atípico, o PSD/Felgueiras, com 10 mil eleitores – o dobro dos do PS –, poderia ter começado a construir o futuro, fazendo uma oposição gradual, sincera, até às próximas eleições autárquicas, em 2009, de forma a chegar ao poder. Não, senhor! O PSD/Felgueiras voltou ao que sempre foi: não apoia os seus presidentes de junta na solução dos problemas das freguesias; Concelhia e vereadores estão de costas voltadas; na Assembleia Municipal, os deputados da bancada laranja olham uns para os outros antes das votações; as bases do partido queixam-se que as cúpulas não as ouvem; etc… etc…
Aqui fica o retrato de um PSD sem alma.
Eis a notícia do "Público":
Vereador move processo a dirigente do PSD-Felgueiras
O vereador que foi candidato a presidente da Câmara de Felgueiras pelo PSD, Caldas Afonso, desentendeu-se com o vice-presidente da comissão política concelhia local do próprio partido, Eduardo Teixeira, a quem moveu um processo-crime por difamação.Ao PÚBLICO, o vereador garantiu que a queixa se fica a dever a declarações públicas que considera injuriosas produzidas pelo dirigente social-democrata, que é também o número dois do partido na assembleia municipal. Tais declarações, alegadamente proferidas por Eduardo Teixeira em diversas situações e em vários locais do concelho, reproduziriam um alegado descontentamento pela forma como aquele que foi candidato a presidente da câmara tem exercido o seu papel de principal opositor à presidente Fátima Felgueiras.
Em certos sectores do partido, a actuação de Caldas Afonso tem sido vista como colaborante com a presidente da câmara, situação que esteve na origem de alguns encontros entre os órgãos locais e distritais do PSD.
"As pessoas têm de saber comportar-se com elevação. Estou profundamente indignado pela forma como tenho sido tratado na praça pública por esse senhor. As pessoas têm de ser responsáveis por aquilo que dizem, seja nos cafés, seja na assembleia municipal", defende Caldas Afonso.
As divergências no interior do PSD de Felgueiras não são novas, uma vez que a comissão política distrital já foi forçada a intervir no sentido de apaziguar o clima crispado entre a vereação e a bancada municipal. No centro dos desentendimentos estará o alegado carácter "frouxo" da oposição desenvolvida pela vereação "laranja". As críticas apontam Caldas Afonso como o rosto de uma oposição dócil para com o executivo municipal.
Sobre a mediação protagonizada pelo líder da distrital do Porto, Agostinho Branquinho, Caldas Afonso classifica-a de normal. "Temos tido reuniões e isso é normal. Agora entendo que as divergências do partido têm locais próprios para serem resolvidas e não devem vir para a praça pública. Tenho sido alvo de afirmações muito graves e isso tem de ser resolvido no sítio certo", adianta o vereador.
Contactado pelo PÚBLICO, Eduardo Teixeira mostrou-se surpreendido e garante que não foi notificado da existência de qualquer queixa. "Desconheço completamente qualquer processo e estranho que me tenha sido movida uma acção. Não quero acreditar que possa ser possível uma coisa dessas no PSD de Felgueiras", disse o vice-presidente da concelhia, que se escusou a tecer considerações sobre o desempenho de Caldas Afonso no executivo. "Não conheço qualquer processo e, como tal, não vou fazer, por agora, qualquer tipo de comentários", concluiu.
Caldas Afonso diz estar indignado pela forma como tem sido tratado na praça pública pelo dirigente do PSD