A filha não o convidara para o casamento, porque, já nessa altura, achava que era ele o assassínio de Camarate; o pai a morrer diz-lhe: “Eu vou morrer filho, e tu és o assassino de sete pessoas”. Apenas a Justiça e a investigação policial, supostamente, de nada sabiam.
Não tenhamos dúvidas: José Esteves não esteve sozinho neste atentado; altos patrocínios estiveram na sua origem. Caso contrário, José Esteves, nesta altura, já teria cumprido 20 anos de cadeia e os portugueses já saberiam toda a verdade. Só que há verdades que jamais se revelam, pelo menos, quando se tratam por razões de Estado.
Durante este tempo todo, o interesse de muito "boa gente" em descobrir a verdade foi tanta que até o actual líder do CDS/PP, Ribeiro Castro, que é um dos advogados das famílias das vítimas, há anos, num debate televisivo, confundiu o nome de Lee Rodrigues, outro suspeito sobre Camarate, com o de Lee Osvald, suspeito da morte de Jonh Kennedy!
Grande interesse houve na morte de Sá Carneiro e/ou de Amaro da Costa! Quem deu ordem para matar? Camarate foi um crime institucional, ou seja, um crime por parte de um poder instituído, político ou militar.
Helena Roseta, há cerca de 20 anos, no já extinto semanário "O Jornal" fez referências ao "caso Camarate", dando a impressão que sabia de algo sobre o assunto, mas a Justiça não a chamou para prestar testemunhar. A Justiça portuguesa já deu provas que tem medo de tratar certas matérias, normalmente quando envolve agentes do Estado, ao contrário do que se passa noutros países, como, por exemplo, em Espanha e em Itália. É a falta de cultura democrática deste país!...
Por muito que José Esteves fale, nunca dirá a verdade completa. Pena é que, ao completar-se mais de 25 anos após o atentado, e com o crime já prescrito, José Esteves venha tão cobardemente dar o exclusivo a uma revista tão fraquinha, para promoção desta e para que o entrevistado meta uns cobres ao bolso.
O crime, mesmo depois de consumado, é negócio escuro!