“Os fidalgos também roubam” foi uma das muitas peças que já passaram pelo Teatro Municipal Fonseca Moreira, no caso concreto, em Maio de 2003.
Ontem a referia peça, cujo título acabo de adaptar para uma expressão mais suave, veio-me à memória depois de a minha comadre Suror Saudade me ter jurado a pés juntos que assistiu, há dias, em plena rua desta cidade, a uma cena muito caricata: um cavalheiro muito prestigiado cá no burgo – conceituado empresário, actualmente, a exercer um cargo público –, foi confrontado por um comerciante a reclamar uma dividia, superior a 100 euros, contraída há mais de um ano.
Segundo a bisbilhoteira da minha comadre, que anda sempre a levar e a trazer, o referido comerciante, na troca de palavras azedas, recordou ao devedor que o montante em falta passa dos 100 euros e, como bom pagador de impostos, que precisa deles para manter os vícios e os caprichos dos que governam o país. Ao mesmo tempo, recordou-lhe que uma encomenda feita pelo mesmo cavalheiro – cujo valor é estimado em mais de 5 mil euros, tendo sido feita a encomenda na mesma altura em que foi pedido o produto ainda em divida – ainda não foi levantada e que está a “apodrecer” no seu estabelecimento, com esse grave prejuízo em mãos e já sem a possibilidade de devolver ao fabricante.
Os fidalgos também devem e nem sempre cumprem com a palavra dada.