Faculdade de Medicina do Porto
reduz 20% das vagas de acesso ao curso
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) anunciou ontem que vai reduzir em 20 por cento as vagas para a licenciatura em Medicina, devido à falta de instalações contratadas com o Governo.
"Tudo porque o Executivo não cumpre o contrato formalizado em 2001, que previa a construção de um novo edifício nos terrenos da FMUP/Hospital S. João", diz a faculdade em comunicado, salientando que "o Estado deve mais de 16 milhões de euros".
A FMUP refere que vai ser obrigada a fechar 50 das 240 vagas disponibilizadas nos últimos anos, fixando o número de lugares nos 190 contratados com o Governo.
A faculdade salienta que os 16 milhões de euros, "cerca de metade do disponibilizado a outras faculdades de Medicina", foram estipulados no Programa para o Desenvolvimento do Ensino da Medicina em Portugal, assinado em Dezembro de 2001 pelos então ministros da Educação, Júlio Pedrosa, da Saúde, Correia de Campos, e da Ciência, Mariano Gago, e pelo reitor da Universidade do Porto, Novais Barbosa.
A verba destinava-se à construção de um edifício em dois anos para a FMUP instalar as ciências básicas e "outros serviços com reduzida ligação funcional aos serviços clínicos, com uma área bruta de 17.300 metros quadrados".
"Em contrapartida, os governantes exigiam o aumento do 'numerus clausus', que deveria atingir os 190, a criação de um instituto de pós-graduação, a implementação de medidas de avaliação da qualidade e a submissão a uma avaliação efectuada pela Associação das Universidades Europeias", salienta a faculdade.
A FMUP garante que cumpriu "todos os critérios", tendo mesmo "superado o exigido", ao disponibilizar nos últimos cinco anos lectivos mais de 200 vagas por ano na licenciatura em Medicina. "A isto junta-se ainda a recente decisão de Mariano Gago [actual ministro da Ciência e Ensino Superior] que prevê a abertura de vagas nos cursos de Medicina a atribuir a licenciados em Enfermagem, em Biologia e noutras áreas científicas, em sistema de contingente especial específico", sublinha a faculdade.
"Para cumprir este novo requisito, a FMUP [cujos cofres há muito se ressentem da falta de apoio estatal, estando perto da ruptura] vê-se obrigada a limitar o acesso a Medicina aos estudantes do ensino secundário", acrescenta.
A faculdade alerta para um "disparo da média mínima de entrada" no seu curso de Medicina, que no ano passado foi de 18,65 valores, naquela que é "a escola médica com maior número de publicações científicas" e "a mais concorrida do país, tendo recebido nos últimos anos os alunos com melhores resultados".
Fonte da notícia: "Público"
Comentário do DF:
Depois de Portugal ter estado nas meias-finais do Campeonato do Mundo de Futebol, que bom seria que o nosso País estivesse também nas meias-finais do Desenvolvimento, da Educação, da Cultura, da Ciência e por aí adiante! Que bom seria que os políticos - José Sócrates e Cavaco Silva - que assistiram ao jogo de futebol, na Alemanha, entre a selecção deste país e a de Portugal, um dia destes, se deslocassem à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), para se inteirarem do ponto da situação.
Há anos, Sobrinho Simões, venceu o Prémio Pessoa, instituído pelo jornal "Expresso", como reconhecimento pela sua investigação na área da Saúde. Simões acabou por oferecer o dinheiro do prémio para obras de melhoramento nas instalações do seu própio local de trabalho (do Estado), obras em relação às quais há muito se impunha que já tivessem sido feitas, tanto mais que é um dos espaços de trabalho onde o cientista costuma desenvolver a sua investigação.
Enfim, mais uma notícia de um país sem futuro.