terça-feira, junho 13, 2006

Editorial

O DIÁRIO DE FELGUEIRAS depreende – não afirma – de que alguns dos participantes nos blogues de Felgueiras, no que à abordagem política respeita, estão ansiosos para saltarem fora deste espaço virtual, que é a Internet, com receio de que as suas opiniões, sinceras e legítimas, sejam retaliadas no quotidiano das suas vidas por quem, eventualmente, se considere dono do pensamento.
Pessoalmente, o autor do DIÁRIO DE FELGUEIRAS não pode afirmar com a mínima certeza de que, na presente data, haja quem tenha o propósito de querer controlar o que nos blogues se escreve. E tão-pouco pode afirmar que decorre, também neste momento, o propósito de denegrir a credibilidade do que nos blogues se afirma.
Ora bem. Que os blogues do género a que nos referimos incomodam, isso incomodam, mas não são órgãos de Comunicação Social. Um blogue é algo de muito particular, uma espécie de afirmação do ego, não em relação à comunidade, mas a um rol de pessoas que comungam os mesmos assuntos em determinado tempo – mais curto ou mais amplo, conforme o objecto das abordagens desperta interesse, ou não, no cibernauta.
Ser cibernauta não é ser leitor de um jornal, ouvinte de uma rádio ou telespectador de um canal de televisão. É certo que este blogue, denominado DIÁRIO DE FELGUEIRAS, é um espaço informativo, da responsabilidade de quem também faz jornalismo, mas não se rege pelas normas regulamentares e deontológicas de um órgão de informação. Se assim não fosse, certamente, que o autor do blogue não publicaria alguns dos seus gostos pessoais, à mistura com matéria informativa. Até aí se vê e mede a importância da imparcialidade e independência de um jornalista.
Explicando melhor. Por exemplo, o director do Diário de Notícias (DN) pode gostar muito de fado, mas não vai encher as páginas e páginas do DN sobre fado, nem deve influenciar um jornalista seu subordinado a fazê-lo. Mas, se o director o DN tiver um blogue pessoal, não temos dúvidas de que, nesse espaço virtual, não deixará de ser “tendencioso”. O autor do blogue DIÁRIO DE FELGUEIRAS é um estudioso sobre a vida e a obra de Zeca Afonso e tal gosto já o demonstrou neste espaço. Porém, quando faz jornalismo só fala do autor da “Grândola, Vila Morena”, quando tal for oportuno e estiver na “lógica da agenda”.
Isto não quer dizer que o autor deste blogue não tente, no máximo das suas possibilidades, incluir textos informativos, de maior rigor e isenção, mas nos blogues não se fazem notícias. Os blogues são uma espécie de “jornal de parede”. É certo que este DIÁRIO costuma utilizar uma linguagem jornalista, mas é mais por estilo do que por convenção.
Por outro lado, nisto dos blogues só não vale ofender a dignidade de ninguém nem difamar seja quem for. De resto, não há lugar a controlo nem a processos judiciais.
Vem tudo isto a propósito porque há quem se queixe por aí sentir-se desmotivado quanto à sua participação opinativa nos blogues e que alguém andará a mandar recados.
Francamente! Os blogues podem ajudar a aperfeiçoar a democracia, mas não são substitutos dos mecanismos de que a sociedade dispõe fora do mundo virtual. Tenhamos gosto nos nossos blogues, façamos deles instrumentos democráticos, mas nãos os consideremos como se fossem o “Financial Times” ou “Le Monde”.
Os blogues são sempre uma janela aberta para o mundo. Em Felgueiras, ainda mais, dado o grande isolamento do concelho em relação ao País. Ninguém controla os blogues, a não ser os seus autores. Até porque, nós blogers de Felgueiras, não aceitamos publicidade nem encomendas de serviços de tipografia, que são parte dos mecanismos económicos com a qual os poderes políticos gostam de controlar determinados órgãos da imprensa local e regional.
Por outro lado, se há alguém na blogosfera de Felgueiras que se sente pressionado para estar calado, é porque deu confiança demais a quem, alegadamente, o anda a pressionar.