domingo, junho 25, 2006

Ecos da Assembleia Municipal

Eduardo Bragança surge na política como uma espécie
de Joana D' Arc, na luta pela "sepração das águas"
entre o PS e o movimento "Sempre Presente".
Foto retirada do blogue do "Expresso de Felgueiras"
Iam roendo mosquitos por cordas
A sessão da Assembleia Municipal (AM) prometia ser agitada a título verbal, dada a polémica gerada durante a semana em torno do acto de convocação dos 32 presidentes de junta por parte da Presidente da Câmara Municipal para uma reunião preparatória da AM sobre a proposta de aquisição do imóvel situado nas traseiras dos Paços do Concelho.
Tal incontinência verbal não se verificou, mas quase iam roendo mosquitos por cordas entre dois deputados do PSD, Eduardo Teixeira e Augusto Faria, este “cristão-novo” na bancada parlamentar laranja.
Augusto tinha pedido a palavra, para opinar sobre aquele ponto da Ordem do Dia. Entretanto, Eduardo foi ter com Augusto cochichando-lhe qualquer coisa ao ouvido. Augusto acabou por não fazer o discurso pretendido, mas pediu a palavra para dizer que acabava de ser coagido por Eduardo, que este lhe terá dito que se votasse a favor da proposta lá fora iria ter problemas. Augusto considerou isso uma ameaça. Quase imediatamente, vieram os dois para o corredor e a coisa esteve quente, com ânimos à flor da pele.
Houve alguém, de uma bancada, que incitou muito baixinho: “Caia!... Caia!...”

O mal amado
Rui Silva, a quem o PS acaba de retirar a confiança política, por ter, alegadamente, coagido presidentes de junta socialistas a votarem favoravelmente a polémica proposta, não se pronunciou sobre o assunto na AM.
Seria importante que Rui Silva, que é o único vereador do PS no Executivo, tivesse dado uma palavra, em reacção e comentário às críticas lhe são dirigidas pelo partido, pelo menos, para reposição da sua honra política. Também deveria pronunciar-se se, face à falta dessa confiança, vai, ou não, demitir-se do lugar.

A dúvida
Lemos Martins, líder da bancada do SP, anunciou que vai impugnar esta AM, porque, na sua opinião, os pontos não podem ser retirados, mas apenas aprovados ou chumbados. A dúvida suscitada é legítima. Curiosa foi a atitude de Orlando de Sousa, presidente da Mesa da AM, que nem sequer deu resposta ao assunto.

O “frete”
Curiosa também foi a atitude de alguns presidentes de junta, que faltaram à reunião da AM só para não se confrontarem, no momento da votação, olhos nos olhos com o Executivo, já que é este quem tem o poder de distribuir as fatias do “bolo financeiro” para as freguesias. Daí terem mandado, em sua substituição, os respectivos secretários, que tiveram que se desembaraçar da situação.
A propósito, curiosa foi a atitude da Junta de Freguesia de Margaride (PSD). O Presidente, José Luís Martins, delegou a sua presença ao Secretário, José Lemos, que, irritado com o “frete”, subdelegou no Tesoureiro, Manuel Cunha. Este compareceu ao evento, mas, minutos antes da votação do polémico ponto, pôs-se na “alheta”, abandonando a sessão.

Sem crédito
Bruno Carvalho, o jovem vereador da maioria, disse na AM que não dá crédito aos blogues.
Para quem já teve um, olha que boa resposta!

Joana D’ Arc
Logo após as eleições autárquicas, com a transferência em massa do voto socialista para o SP (que acabou por obter, directa ou indirectamente, o apoio de militantes, de dirigentes e de até candidatos socialistas, na campanha eleitoral) tudo fazia crer que o PS/Felgueiras iria ser o "partido-satélite" de Fátima Felgueiras e do seu movimento. Porém, volvidos escassos meses, algo se alterou na estratégia política da família rosa.
Eduardo Bragança conquistou, há poucos meses, a liderança da Concelhia com o argumento da necessidade de se “arrumar a casa” e cedo pôs o plano em marcha: (I) os processos disciplinares aos militantes que fizeram parte das listas do SP há muito que se encontravam para decisão final, mas Abel Maia, da Conselho de Jurisdição da Distrital do PS/Porto, 5 dias após a eleição de Bragança, acabou por enviar a documentação para Lisboa, para, 10 dias após, o Conselho Nacional de Jurisdição sentenciar as expulsões, que se consumaram. (II) A postura do PS em não votar favoravelmente a proposta da compra do imóvel deveu-se à acção de Eduardo Bragança e foi um teste de avaliação sobre a capacidade de autodeterminação dos autarcas socialistas em relação a Fátima Felgueiras e ao seu movimento. Bragança fala no “fim do unanismo”, ou seja, uma coisa é o PS outra o SP. (III) O líder da Concelhia do PS, irritado com o papel de Rui Siva como vereador da Opssição, foi quem tratou de lhe ser retirada a confiança política.
Sem dúvida alguma, Eduardo surge, assim, como uma espécie de Joana D’Arc, na luta pela “separação das águas”. E nada é nem será como antes em Felgueiras no quadro das relações das instituições políticas.
Quem sabe se a acção do actual líder socialista até fará escola fora do partido?