terça-feira, maio 16, 2006

Poema

Loucura do poeta

Que a voz do Poeta não se cale
Que os olhos do Poeta não se fechem
Que os seus versos sejam a sirene
Que alerta toda a gente à sua volta
Que o poema seja o grito inconformado
Dos braços que se erguem na revolta
Contra os braços curvados e a cerviz
Submissa ao peso da opressão
Que o poema seja sempre vertical
Um relâmpago enorme em noite escura
Que o Poema seja uma canção
E rasgue o medo em mil pedaços
Com versos de amor e de ternura
Espalhados por mil bocas e mil braços
Que o Poeta seja mais que um ser humano
E que tanja a lira do seu canto
Elevando a Poesia até ao céu
E que entregue aos homens o seu Fogo
Assumindo o papel de Prometeu...

Quando o Poeta escreve por Amor
A palavra torna-se a armadura
Com que o Homem vence a própria dor
E destrói o vírus da amargura...

É louco, o Poeta? Deixem lá:
O mundo precisa da loucura...
Poema de Fernando Peixoto