Representantes políticos de vários partidos uniram-se, ontem, no Porto, num gesto de solidariedade para com um funcionário da Câmara de Felgueiras que se queixa de perseguição política por parte daquela autarquia, liderada por Fátima Felgueiras.
O funcionário em causa, José Carlos Pereira, queixa-se de ter sido transferido para o edifício do veterinário municipal, sendo forçado a trabalhar num espaço sem condições de salubridade, como represália por notícias que escreveu enquanto colaborador do JN.
"É um edifício quase sem condições para os animais quanto mais para um ser humano trabalhar", disse, em conferência de Imprensa, o seu advogado, Duarte Nuno Correia, que fala em perseguição.
Na passada quinta-feira, José Carlos Pereira recebeu um ofício da autarquia a dar-lhe conhecimento que devia "cessar a actividade de colaborador do 'Jornal de Notícias', uma vez que viola o princípio da exclusividade". Duarte Correia garante que vai recorrer para o Tribunal Administrativo, porque considera ser "um abuso de direito por parte da autarquia".
"O meu cliente não vai deixar de ser colaborador porque isso é um direito que lhe assiste num Estado de Direito", afirmou, não compreendendo porque José Carlos não foi também impedido de colaborar com o jornal "O Jogo". "Fica gato escondido com o rabo de fora. Vê-se que estamos perante uma decisão política mascarada de decisão jurídica", apontou.
Ontem, José Carlos recebeu a solidariedade de todos os partidos. "Estamos perante uma situação que atenta contra os direitos humanos", considerou, por exemplo, o deputado do BE, João Teixeira Lopes, que fez um requerimento ao Parlamento a pedir ao Governo que averigue o que se passa em Felgueiras.
O líder concelhio do PS acredita, porém, que a questão está a ser "excessivamente personalizada numa pessoa". "Essas decisões foram tomadas todas por unanimidade na vereação", apontou Inácio Lemos, lembrando que o PSD também tem eleitos na equipa camarária.