segunda-feira, julho 25, 2005

Secretário da Junta de Freguesia de Margaride bebe água imprópria para consumo


Não obstante a água do fontanário situado em frente ao Teatro Municipal não possuir salmonelas, conforme se pode comprovar pelas análises bacteriológicas mandadas fazer pelo vereador Fernando Marinho e pela Autoridade de Saúde local, Fernando Diniz, a mesma, neste momento, não deve ser bebida, porque contém 20 coliformes por litro.
Recorde-se que aquela fonte esteve no centro da polémica, tendo sido levantada a suspeita de estar na origem da salmonela que, no passado dia 28 de Junho, vitimou um bebé de três anos, de Friande, com uma encefalite aguda, provocada por aquela bactéria assassina. Pode acontecer que nunca se venha a descobrir-se a origem da salmonela e se a água foi ou não o veículo transmissor para a morte da malograda criança.
No entanto, os coliformes, não sendo tão perigosos como as salmonelas, podem prejudicar gravemente a saúde; desenvolvem-se a partir de detritos do mundo natural (por exemplo, areias, vegetação e fossas) e do mundo animal (por exemplo, urina e cadáveres de ratos).
O DF deslocou-se, há dias, àquele fontanário e o cenário a que assistimos afigurou-se-nos deveras surrealista, no limiar do séc. XXI, neste país, que se diz europeu: dois dias antes, populares apagaram os dizeres da placa que indicavam que a água está imprópria para consumo. “Isto foi um assunto político que os jornalistas inventaram” – disse uma dona de casa à nossa reportagem. E, em menos de uma hora, cerca de 15 pessoas, algumas vindas de carro, enchiam os grandes vasilhames de plástico que traziam na mão. Há proprietários de cafés que se abastecem naquela fonte para uso comercial.
Compete a quem de direito tomar uma medida no sentido de colmatar a falta de pedagogia cívica sobre o assunto, até porque o fontanário está adstrito a um prédio que, hoje, é da propriedade da Câmara Municipal.
E mais surrealista é o facto de o secretário da Junta de Margaride, José Lemos, que naquele momento se encontrava no local a aconselhar os populares a consumirem a água, não obstante conhecer os resultados das análises que a própria Junta, também, mandou fazer. Como se sabe, a gestão dos fontanários é da responsabilidade das juntas de freguesia. Tal como referiu Fernando Marinho à Comunicação Social, para que a água fica em condições de ser consumida tem que se proceder à limpeza da mina. E, depois, só mediante os resultados de novas análises é que se poderá ter a certeza se se pode ou não abastecem-se daquela fonte.
Mas José Lemos desafiou a nossa reportagem: “Esta água está boa, podem beber. Estou com sede, vou bebê-la já, que é tão fresquinha. Se quiserem, podem tirar uma fotografia para a vossa reportagem”.
Eis a foto em anexo.