sexta-feira, novembro 11, 2011

Europa à espera de uma nova Joana D' Arc



Completaram-se, há dias, 22 anos após a queda do Muro de Berlim. Muito se disse e muito se escreveu na altura. Os arautos da civilização ocidental tudo anunciaram, prometeram um reino de paz, de amor e de abundância... Mas os profetas falsearam tudo: compraram corpos e almas e reforçaram as instituições de mais corrupção, mais crime (nomeadamente financeiro)... Hoje, ao contrário do que então se prometia, a coesão europeia nem sequer é uma quimera; é uma chacota das anteriores e vindouras gerações. E até Durão Barroso já concorda com a exclusão dos países periféricos da zona Euro. 
Primeiro foi Tony Blair, que, traindo o edifício europeu, começou a cavar os fracos alicerces do projecto, ao aliar-se aos EUA na guerra económica contra o mundo e a patrocinar a cimeira das Lajes, que ditou a ocupação do Iraque. Agora, é Sarkozy, ao aliar-se aos alemães, de Merkel (pouco gente se lembrará que a actual atitude da Alemanha é também de muito ressentimento em relação à derrota sofrida nomeadamente na I Guerra Mundial, de 1914, e em grande parte com os termos expressos no Tratado de Versalhes, de 1919, documento que representou - e parece ainda representar - uma humilhação para o orgulho germânico). 
Tal como os EUA se esqueceram dos direitos humanos em relação ao massacre da Praça de Tiananmen, em 1989, e à tirania do regime chinês, preferindo usar a China contra a Europa (apesar de os chineses agora serem detentores de 40% da dívida norte-americana), a França, de Sarkozy, está no mesmo cumprimento de onda, de esmagamento dos países mais pobres da União Europeia, num projecto imperialista que está a levar os outros países à fome, à mísera e à subjugação camuflada, propósito que contraria a própria história da França, que é o país de todas as revoluções e de resistência libertadora, não obstante alguns percalços pelo caminho de tentações de hegemonia, como, por exemplo, foi o caso de Napoleão. 
Perante tudo isto, é tempo de perguntar por uma nova Joana D' Arc, para salvação da Europa. Mais uma vez, terá que começar a partir do interior da própria França. Não contra a Inglaterra do século XV, mas contra os propósitos alemães da história contemporânea. Isso acontecerá quando os franceses perceberam que alianças com esta Alemanha (de Merkel) podem levar a um novo conflito mundial, tal como em 1914 e 1939. Caso contrário, teremos de volta Salazar e Franco, Mussolini e Hitler, embora com novas roupagens, quiçá, supostamente democráticas. 
A memória e a história são fundamentais.